terça-feira, 29 de abril de 2008

Indie, rótulo e farsa

De tempos em tempos o mundo do rock é tocado por algum movimento cultural, onde os principais disseminadores do “novo estilo” são os fãs. Nos anos sessenta, o visual comportado, do corte de cabelo em formato de cuia e os terninhos e gravatas marcaram a época em que bandas como Beatles, Beach Boys e Rolling Stones eram febre entre os jovens.

Nos anos setenta, a onda hippie tomou conta do ar e o estilo “Paz e Amor” era celebrado por jovens com roupas largas e coloridas que ouviam Jimi Hendrix, Janis Joplin e The Doors. Em seguida, o punk rock saiu dos subúrbios ingleses para o mundo, com visual rebelde e obscuro, tudo em prol ao anarquismo, em letras de protesto como do Sex Pistols, The Clash e U.K. Subs.

E até o momento, o último grande movimento cultural dentro da música, o grunge, balançou o mundo trazendo os cabelos ensebados, a aparência melancólica e as camisas de flanelas que compunham bandas como Nirvana, Pearl Jam e Alice in Chains.

No início do século 21, uma nova roupagem começou a se forma no cenário do rock mundial. Bandas como The Strokes, The Hives, The Vines e Yeah Yeah Yeahs deram origem ao então “Indie Rock”, mais novo estilo musical celebrado entre a juventude globalizada e cibernética. Opa! Espero um pouco, o Indie Rock já não existia?

A denominação desse estilo ou movimento já atravessa anos, e nesse novo século voltou a dar o ar da sua graça no cenário musical COMERCIAL!!! É isso mesmo, COMERCIAL!!! Nem dá para acreditar, mas o verdadeiro Indie Rock que todos deveriam conhecer é designado para bandas independentes do cenário de rock underground, que fazem um som para fãs que buscam novidades e algo diferente no meio de tanto lixo mainstream, rádios e MTV.

Porém as tais bandas “Indie”, hoje, estão totalmente ligadas ao cenário comercial. Depois das bandas citadas acima, novas e iguais começaram a aflorar e “fortalecer esse movimento”. Exemplo disso são os Arctic Monkeys, Interpol, Modest Mouse, Franz Ferdinand, Bloc Party e Arcade Fire.

Em Manaus, o movimento passou a ser um estilo visual, onde o importante e se vestir como tal, ouvir algumas dessas bandas citadas, participar de comunidades e site de relacionamentos da internet e pagar de COOL entre os jovens da cidade. O fato é que as verdadeiras bandas de rock alternativo foram esquecidas e seus ideais quebrados pelos novos fãs.

Sonic Youth, Pixies, Jesus and Mary Chain, Dinosaur Jr., Lemonheads, Hasker Du, Violent Femmes, e muitas outras que surgiram entre os anos 80 e 90, foram totalmente banidas do movimento. Pioneiras em tudo, que levaram ao mundo seu som sem precisar de grandes produções ou grandes gravadoras.

Hoje “os Indie” estão mais para ex-emos, pois preferem se preocupar em postar suas fotos no fotologs e esperar em casa, sentados, enquanto ficam no MSN ou GTalk, com a televisão ligada na MTV esperando a próxima banda sessão do canal.

Essa discussão não tem como finalidade apontar o certo ou errado, ou proibindo alguém de fazer algo que goste. O problema é criar um status por meio da arte, pois esse papel não cabe ao público ou ao músico, e sim à indústria fonográfica, que molda o cérebro do “povo” por meio da indústria Cultural. Essa manipulação é evidente. Isso ocorreu com bandas punks dos anos 70 e no movimento “grunge”, onde empresários criavam bandas em busca do novo sucesso.

Enquanto a internet dá a oportunidade de escolhermos o que realmente queremos assistir, ainda ficamos a espera que alguém aponte o dedo e nos mostre o que é melhor de se ouvir. As bandas hypes, que foram citadas a cima, têm lá o seu valor, porém não dá para, nos tempos de hoje, ver bandas de jovens talentos copiarem de forma descarada e criarem um “estilo” de toda essa situação.

O termo “Indie Rock” é uma forma de transformar o alternativo em moda, e os fãs de rock alternativo, que deveriam ser contra a essa manipulação estão totalmente entregues, sem questionar ou indagar se o que estão ouvindo é realmente algo que foi inspirado nos moldes do rock n’ roll underground. Só para você ter uma idéia, tem neguinho que paga de underground e alternativo, mas sai em coluna social de jornal, que coisa não??!! Fazer o quê?

Realmente os tempos mudaram, deve ser mesmo a tal da globalização, ou então para ser bem profético, o “fim dos tempos”. Pelo menos, sempre existe uma “alternativa”. Quem é ruim ou profundamente hermético tem a chance de poder virar alternativo, indie ou emo.

13 comentários:

daniel valentim disse...

não concordo muito com o seu foco. as bandas ícones que você citou (sonic youth, jesus & mary chain, dinosaur jr, lemonheads) não foram banidas do movimento, todas elas assinaram com as grandes gravadoras nos anos 90. era uma questão de distribuição, só as grandes podiam levar teu som aos 4 cantos do mundo, e não há nada de errado nisso, nem em ganhar mais com seu trabalho (quem não quer aumento?)... elas não passaram a fazer discos ruins depois de assinar com a geffen.

hoje, o que mudou foi que as grandes quebraram, e ou são as pequenas que distribuem o material - que já pegam pronto com as bandas - ou a comunidade da internet mesmo se ocupa disso, o que facilita o aparecimento cada vez mais rápido de grupos e mais grupos, dando essa sensação de volatilidade do movimento...

e tem mais, tudo está e sempre esteve ligado ao setor comercial, tudo tem que se pagar, mesmo no esquema independente, do jogo de cordas à conexão da internet pra colocar sua música pra baixar... o indie sempre foi da classe média, e da classe média alta, então não vejo incoerência entre coluna social e rock underground. antigamente, ter músicas dessas bandas mais obscuras significava importar discos, e hoje, ter uma conexão de banda larga pra baixar... tudo sempre custou dinheiro demais para um pobre underground inocente.

agora, é claro, há exceções (pra terminar meio caetano veloso)

Hermido disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hermido disse...

hehehehe... pode crer, entendi seu ponto de vista, valeu pelo comentário, porém "Indie" não é estilo musical... é isso que a galera confunde saca? e quem excluiu as bandas que eu citei foi a própria galera de hoje e daqui da cidade, que paga de "Ind...", sem procurar conhecer a história

daniel valentim disse...

ah tá... não tinha entendido por esse lado do público a parte da exclusâo.

no fundo no fundo dá raiva mesmo desses moderninhos metidos a besta que acham que o rock começou com strokes

Loyana Camelo disse...

eu não gosto de strokes!

Renata Paula disse...

hahahah

na real no fundo bem próximo hein?

coluna social é complicado hein? ou melhor.. é o fim dos teeeeempos..


;)

matheus disse...

"uuuuh, eu sou indie e saio na coluna social.."

po, que bom! agora tenho certeza..
achei mais um "surtado" em manaus!

e deixa eu adivinhar;
músico frustrado desde criança?
introspectivo?
cabelo comprido?


ah, parei!
mas sério, isso não cansa?

Hermido disse...

hahhahahahahahahahaha
hahahahahahahhahahaha

isso é só para loucos
isso é só para loucos

que coisa não?

=)

Loyana Camelo disse...

desnecessário citar a história da coluna social, porque ninguém pediu pra sair nela. colunista é chato o suficiente pra só colocar ali aquilo que gosta ou lhe agrada.

Renata Paula disse...

só está lá pq era acessível..


ou era underground?

Loyana Camelo disse...

underground pride não pode nuuuuunca estar na midia, né?

senão vira "pop"

Renata Paula disse...

é

Anônimo disse...

Hummm.... concordo em alguns pontos... mais os verdadeiros Indies... não se esqueceram das bandas que começaram realmente esse movimento... muito pelo contrario... e na questão de algumas bandas se envolverem com a divulgação de suas musicas na "MTV" por exemplo... num mundo Alienado e Massificado darling... fazer o que neh?! salve-se quem puder (quem quiser melhor dizendo)... Mais sempre ira existir quem realmente aprecie o bom e puro Indie rock... como Dinosaur Jr. , The Lemonheads , Pixies.

...S2...